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Conheça o cará-moela que parece batata

 Também conhecido como cará-de-corda, cará-de-sapateiro, cará-do-ar, cará-borboleta, inhame-do-ar, é encontrado espontaneamente na região sul do Brasil, cultivado tradicionalmente pelos Quilombolas, caboclos e ribeirinhos, mas desenvolve-se bem em todo país. 
Este cará, de formato de uma moela de ave – e por isto também é chamado de cará-moela é originário da África e Ásia Tropical. Foi trazido pelos povos que foram escravizados no continente Africano no tempo da dominação Europeia, e se adaptou muito bem ao solo e às condições climáticas brasileiras. Há citações nos escritos de Padre José de Anchieta em meados do século XVI quando os escravos ainda eram trazidos clandestinamente para o país, que classificam a família deste tubérculo e suas qualidades.
Pertencente à família das Dioscoreáceas, é uma planta caudiciforme, do tipo herbácea, trepadeira, cujas folhas assemelham-se a corações. Apresenta túberas aéreas, nas axilas das folhas, e também subterrâneas. Ambas são comestíveis, mas as aéreas bem mais apreciadas. 

Seu uso é quase que estritamente doméstico, não sendo é enquadrada como comercial, fator que contribui para sua perda cultural e biológica local. Dentre suas principais qualidades está o fato de ser rica em amido e fonte de betacaroteno, vitaminas C e do complexo B, além de possuir expressivas quantidades de cálcio, fósforo e ferro em sua composição química, o que faz com que o risco de desaparecimento represente a perda de um produto intimamente ligado à agro biodiversidade de populações tradicionais e riquíssimo do ponto de vista nutricional.
É um tubérculo que deve ser consumido cozido ou assado, nunca cru. Após cozido é macio e mantém sua forma. Rende um purê bem liso que pode ser usado em várias preparações como bolos, cremes, sopas, assados, pães e cozidos com carnes. Seu uso culinário se parece muito com o da batata inglesa, sendo que o cará-moela tem um sabor um pouco mais amargo, podendo substituí-la de forma fácil em qualquer preparo. A semelhança também ocorre em valores nutricionais sendo que o cará-moela é um pouco mais rico em fibras e em valor calórico apresentando 70,6 kcal/100g enquanto a batata apresenta 64 kcal/100g. É rico em carboidratos e apresenta ainda proteínas, gorduras, fibras e é uma boa fonte de fósforo. Pode também ser usado em saladas, purê, fritas, bolinhos, rocamboles salgados, sopas, pães, suflês e pratos doces como pudins e bolos.

Foto: Reprodução

O cará-moela é um tipo de batata muito versátil. Pode ser utilizado do mesmo modo como a batata inglesa e o inhame, em cremes, soté, sopas e acompanhado em cozidos com carnes. Com este cará também são preparados refogados, purês, saladas, chips, além de pães e bolos.

Uso popular e medicinal 

Esta planta tem uso medicinal e valor nutricional reconhecidos.

As partes comestíveis são as túberas aéreas. De sabor agradável podem ser cozidas, assadas ou fritas.  

Devem ser bem cozidas para destruir os alcaloides tóxicos. As formas selvagens da planta são sempre tóxicas em estado bruto, mas já foram desenvolvidos cultivares praticamente isentos de toxina.

As inflorescências são também aparentemente comestíveis.

O suco das raízes serve para expulsar vermes intestinais. Pode ser goteado em feridas para expulsar germes. São usados externamente como cataplasma para tratar feridas, furúnculos e inflamações. Em curativos para tratamento de infecções por parasita e fúngicas dérmicas, ou esmagado, misturado com óleo de palma e massageado em áreas de reumatismo, para problemas de peitos e bicho-do-pé. 

Na Índia o tubérculo é considerado diurético e remédio para diarreia e hemorroidas.

Os frutos servem para tratar furúnculo e febre.

A seiva espremida do caule é aplicada para tratar a oftalmia purulenta e contra picada de cobra.

As folhas são usadas muitas vezes por destilação a vapor contra “pink-eye” (conjuntivite).

Várias substâncias clinicamente ativas foram detectadas na planta. Dioscorina foi detectado no tubérculo, apesar de ter sido relatado que algum material nigeriano fora libertado do alcaloide. Alcaloides foram relatados nas folhas, caules e frutos. A diosgenina foi detectada a uma concentração de 0,45%.

A saponina está presente, assim como várias outras substâncias farmacologicamente ativas. 

 Culinária 

Purê. Cozinhe as batatas aéreas com casca. Escorra e descasque ainda quente e amasse ou liquidifique com um pouco de leite. Doure alho, sal e demais temperos a gosto no azeite. Acrescente o cará amassado e misture. Agregue creme de leite e deixe reduzir um pouco. Sirva quente ou frio. Pode também ser feito com os tubérculos subterrâneos.

Chip. Lave os tubérculos aéreos e cozinhe com casca. Descasque e corte em rodelas finas ou em tirinhas e frite em óleo quente. Escorra e seque em papel absorvente. Polvilhe com sal e ervas finas secas a gosto. Também pode ser usado para o preparo de bolo, pão e sopas. Espécie rústica e resiliente, que pode substituir a batata-inglesa nos trópicos, inclusive as usadas na maionese e possui potencial para panificação.

Pão de cará-do-ar na panificadora. Use cerca de 200g de tubérculos aéreos cozidos. Triture com quantidade necessária de água, resultando em cerca de 2 copos-medida. Coloque na fôrma da panificadora com 2 colheres (sopa) de manteiga, 1 colher (chá) de sal, 3 colheres (sopa) de açúcar, 4 copos-medida (720 ml) de farinha de trigo e 2 colheres (chá) de fermento biológico para um pão com cerca de 900 g. Ovos são opcionais, mas fica mais nutritivo. 

Fonte: www.ppmac.org

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