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Bolsa cai pressionada e dólar recua com plano para conter crise no SVB

O Ibovespa recuou 0,18%, a 102.932,38 pontos, na pior marca desde 16 de dezembro

    Na contramão dos principais mercados de ações ocidentais, a Bolsa brasileira encerrou esta terça-feira (14) em baixa, sob influência das ações da Petrobras o preço do barril de petróleo caía mais de US$ 3 e incertezas em relação à direção da economia brasileira.

O dólar também fechou em queda, com anúncio da desaceleração na inflação nos EUA e investidores otimistas com a possibilidade de freio na alta de juros promovida pelo governo americano para resguardar setor bancário.

O Ibovespa recuou 0,18%, a 102.932,38 pontos, na pior marca desde 16 de dezembro (102.855 pontos) e a primeira do ano abaixo dos 103 mil pontos. A cotação da moeda norte-americana à vista recuou 0,24% a R$ 5,256.

No mercado de juros, as taxas apresentam leve alta, após dia de queda influenciada pela expectativa de afrouxamento da política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central americano). Os contratos com vencimento em janeiro de 2024 subiram de 12,99% da segunda-feira (13) para 13,08% ao ano. Para janeiro de 2025, a taxa passou de 12,14% para 12,25%; para 2027, de 12,46% a 12,62%.

A Petrobras, que responde por mais de 10% dos negócios feitos na B3, caiu 1,78% nos papéis ordinários e 1,77% nos preferenciais.

Impactou a estatal a forte queda do petróleo nesta terça. Os preços do barril tipo Brent caíram ao pior patamar do ano —eram negociados a US$ 71,52 às 17h15, desvalorização de 4,4% em relação à segunda.

O recuo ocorre após a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) projetar um excedente modesto da commodity para o segundo trimestre de 2023, quando há queda na demanda.

Também foi um dia ruim para a Natura&Co, dona de marcas como Natura, Avon, Aesop e The Body Shop, cujas ações despencaram 17,5% nesta terça, liderando as perdas do Ibovespa.

A holding divulgou que encerrou 2022 com queda de quase 24% no lucro após desconto ajustado e viu sua margem recuar de 10,3% para 8,7%. Ainda fechou 2022 com dívida líquida de R$ 7,44 bilhões, alta de quase 25% sobre um ano antes.

Até as 13h desta terça, a Bolsa operava em alta na casa de 0,4%. Pesou, além da queda no barril de petróleo, a falta de definição sobre o arcabouço fiscal, de acordo com a economista Cristiane Quartaroli do Banco Ourinvest.

“O mercado ainda espera para ver os detalhes que o ministro Fernando Haddad prometeu divulgar ao longo desta semana, e deve ficar com esse sentimento de cautela”.

O mercado de câmbio neste pregão apresentou volatilidade. Embora tenha fechado o dia em queda de 0,18%, tinha chegado a cair mais de 0,4% no início desta terça.

Nem a melhora da expectativa de operadores da Bolsa para resultado o primário deste ano, com redução na projeção para a dívida, teve efeito.

As estimativas constam no relatório Prisma Fiscal do Ministério da Fazenda referente a março, que capta projeções de agentes do mercado para as contas públicas. O material foi divulgado nesta terça.

A mediana das expectativas para o resultado primário do governo central em 2023 prevê um déficit de R$ 99,01 bilhões, ante projeção anterior de R$ 109,64 bilhões. Para 2024, no entanto, os prognósticos de resultado primário pioraram: a estimativa agora é de um rombo de R$ 98,33 bilhões, ante R$ 96,15 bilhões estimados em fevereiro.

Houve revisão para cima nas estimativas de receita para 2023 no Prisma de março, a R$ 1,92 trilhão, contra R$ 1,91 trilhão previsto antes. As despesas também foram ajustadas para cima, a R$ 2,02 trilhões, de R$ 2,01 trilhões.

Ainda que os bancos brasileiros não estejam expostos à crise do Silicon Valley Bank (SVB, banco americano que faliu na semana passada), de acordo com relatório do ItaúBBA desta terça, as instituições financeiras nacionais continuaram sofrendo com a desvalorização de seus papéis.

No fim deste pregão, as ações ordinárias dos maiores bancos brasileiros recuaram: Banco do Brasil caiu 0,92%; e Bradesco, 0,34%. As ações do Itaú ficaram estáveis
Os bancos digitais brasileiros Inter e Nubank também estão seguros, avalia a equipe do ItaúBBA. Ambas as instituições financeiras operam bem abaixo de sua capacidade de empréstimo.

O Nubank, por exemplo, teria 1,4 vezes mais depósitos de pessoas físicas do que exposição ao crédito, conforme os cálculos do Itaú BBA.

As Bolsas norte-americanas e europeias apresentaram recuperação nesta terça, após dois fechamentos de recuo, com a quebra do SVB.

As Bolsas de Wall Street se recuperam nesta terça-feira dos impactos de segunda. Dow Jones subiu 1,06%; S&P 500, 1,68%; e Nasdaq, 2,14%.

De acordo com a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, os investidores norte-americanos reagem à possibilidade do Fed diminuir a taxa de juros.

Esse movimento visaria proteger os bancos de possíveis perdas com a valorização de títulos do governo de longo prazo. “O Fed vai tolerar uma inflação mais elevada nos EUA”, diz Abdelmalack.

De acordo com levantamento do TradeMap, os bancos americanos perderam US$ 110,9 bilhões (R$ 581 bilhões, na cotação atual) em valor de mercado no último pregão o que equivale à soma do valor de mercado de Petrobras e Itaú.

O valor dos 292 bancos listados no mercado de ações dos EUA somou US$ 1,65 trilhão no início dos negócios contra US$ 1,54 trilhão no final do dia 13. A instituição financeira com maior desvalorização foi o Bank of America US$ 14,0 bilhões, ou uma Eletrobras. A segunda maior queda é da Wells Fargo, com recuo de US$ 11,2 bilhões valor equivalente ao da Suzano.

A inflação de serviço a 7% nos EUA anunciada nesta terça continua alta para os padrões do país. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,4% no mês passado, após avanço de 0,5% em janeiro, conforme anúncio do Departamento do Trabalho nesta terça.

Isso, porém, reduziu o aumento na base anual para 6,0% em fevereiro, a menor alta desde setembro de 2021. O índice havia subido 6,4% nos 12 meses até janeiro.

A projeção de que o Fed vai tolerar uma inflação mais alta e aliviar o aumento nas taxas de juros deve amenizar o tom da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) na próxima semana, segundo análise de André Fernandes, sócio da A7 Capital. O comitê tem resistido à pressão do governo federal para diminuir a taxa Selic.

FolhaPress

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