✦ Agronegócio

Setor cotonicultor elevou produção de algodão em pluma para 3 milhões de toneladas no ciclo 2019/20, novo recorde, superando o da safra anterior

 A cotonicultura brasileira conciliou recordes em produção e exportação de algodão em pluma em 2020. A colheita totalizou 3 milhões de toneladas no ciclo 2019/20, com alta de 8% em relação ao volume anterior, de acordo com os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Também as exportações ultrapassaram a marca de 2 milhões de toneladas embarcadas em 2020. Esses resultados devem continuar como históricos pois a safra 2020/21 e o embarque ao longo do ano devem ser menores.

Conforme o cotonicultor e presidente Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Júlio César Busato, a produtividade média de 1.802 quilos de plumas por hectare foi essencial para o País se consolidar como o quarto maior produtor e segundo maior exportador mundial de algodão.

Além disso, Busato ressalta que foi possível evoluir ainda mais em qualidade (micronaire, uniformidade e comprimento de fibra), características necessárias para acessar qualquer mercado externo. O clima favorável na maioria dos estados e a alta adesão dos cotonicultores às tecnologias contribuíram para o ganho em qualidade. “Além da safra recorde no ciclo 2019/20, o Brasil ainda obteve indicadores de qualidade equivalentes ou superiores aos registrados pelos Estados Unidos, principal concorrente no mercado internacional”, compara.

Ele ressalta que dois fatores explicam o comportamento do preço praticado no mercado nacional e internacional em 2020. A cotação futura do algodão chegou a 48 centavos de dólar/libra-peso em abril, no auge da pandemia. No entanto, após um surpreendente aquecimento na indústria têxtil asiática, a demanda por algodão foi aumentando de maneira considerável e os preços internacionais melhorando no último trimestre do ano. A desvalorização constante da moeda brasileira frente ao dólar fez com que o preço do algodão praticado no mercado interno estivesse mais elevado que a média histórica desde agosto de 2020.

Assim, os preços do quilo da pluma no mercado doméstico variaram entre R$ 6,00 e R$ 8,60, ao longo de 2020, utilizando o indicador Cepea-Esalq/USP como referência. A variação foi provocada pela elevação da moeda norte-americana em relação ao real. No caso do preço do dólar, a variação foi entre 48 e 80 centavos de dólar/libra-peso. “A oscilação de preço foi a maior nos último anos. Poucos produtores conseguiram fechar operações de hedge acima de 70 centavos de dólar/libra-peso”, declara Busato. O algodão é uma commodity precificada na bolsa de Nova Iorque, em dólar, portanto o valor de compra e venda sempre é com base no preço internacional.
MENOR A previsão da Abrapa é de que a produção varie de 2,4 a 2,6 milhões de toneladas na safra 2020/21, com redução de 600 a 400 mil toneladas em relação ao recorde anterior. Júlio César Busato refere que os cotonicultores diminuíram o plantio devido às incertezas de mercados decorrentes da pandemia, os preços do algodão no segundo semestre de 2020 abaixo de 65 centavos de dólar/libra-peso, a maior competitividade da soja e do milho no quesito rentabilidade e efeitos do fenômeno climático La Niña. A área semeada está estimada em 1,37 milhão de hectares, 15% menor.

No entanto, diz que a menor oferta de pluma mais o estoque de passagem de 297 mil toneladas devem ser suficientes para atender à demanda interna de 700 mil toneladas e a exportação estimada em 1,68 milhão de toneladas em 2021. Os produtores haviam negociado 70% da safra antecipadamente para o mercado externo até fevereiro de 2021, pressionados pela alta de 100% nos custos para produzir na última década.

Busato defende a necessidade de um planejamento conjunto de médio e longo prazos e o estabelecimento de mecanismos que permitam à indústria têxtil nacional adquirir a matéria-prima com antecedência. Recorda que nos últimos quatro anos a produção nacional de algodão foi multiplicada por dois e isso pode ser feito de novo se tiver mercado e rentabilidade.

Uma oferta menor de algodão em pluma também foi apontada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no quarto levantamento divulgado em janeiro de 2021. A produção de algodão em pluma poderia alcançar o volume de 2,651 milhões de toneladas em 2020/21, com queda de 11,7%. A área semeada de 1,518 milhão de hectares apresentou um decréscimo de 8,8%, em relação ao período anterior de 2019/20. Previu uma produtividade média de 1.746 quilos por hectares, 3,1% a menos que a média antecedente.

MARCA HISTÓRICA

A exportação brasileira de algodão em pluma totalizou 2,12 milhões de toneladas em 2020, com alta de 31,7%, conforme os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Esse desempenho representa novo recorde anual das exportações de pluma, superando pela primeira vez os 2 milhões de toneladas. Em 2020, os preços de exportação estiveram, em média, 15% acima dos praticados no spot nacional. Em dólar, porém, ainda de acordo com a Secex, o preço médio parcial do ano foi de US$0,6825/lp, 9% menor que o registrado em 2019.

Os principais destinos do algodão brasileiro exportado foram China (representando 29% do total), Vietnã (17%), Paquistão (12%), Turquia (12%), Bangladesh (10%) e Indonésia (10%), de janeiro a novembro de 2020. A equipe técnica do levantamento de safra da Conab destaca que o aumento das exportações de algodão em pluma foi influenciado pela taxa de câmbio elevada, a ampliação da oferta na safra 2019/20, a retomada da economia após os impactos causados pela pandemia de Covid-19 e o incremento da capacidade logística, com o aumento de linhas, navios e contêineres.

Mesmo com todos os desafios decorrentes da pandemia, a Abrapa inaugurou um escritório em Singapura no segundo semestre de 2020. “O local foi escolhido pela proximidade com os principais países asiáticos compradores, de modo que as ações do algodão brasileiro na Ásia sejam ainda mais assertivas e próximas de nossos clientes nos 365 dias do ano”, relata Júlio César Busato, da Abrapa.

Essa foi mais uma ação da iniciativa Cotton Brazil, projeto que conta com a parceria Apex-Brasil, agência governamental de promoção do Brasil no exterior, e da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea). O principal objetivo desse projeto é que o Brasil seja o maior exportador de algodão em pluma do mundo até 2030, reconhecido em todo o globo pela qualidade, sustentabilidade e padrão tecnológico.

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