✦ Agronegócio

Embrapa alerta que soja fora de época em MT pode gerar "super fungos"

 Para a Embrapa, o plantio da soja em fevereiro poderá provocar prejuízos a produção e maior dificuldade no controle da ferrugem asiática. “Isso vai acelerar o processo de resistência aos fungicidas em função da seleção dos indivíduos resistentes, por seleção de mutações”, explicou Auster Farias, chefe-geral da Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop (MT), em entrevista ao Jornal Terra Viva, da Band.

Nela, o servidor do Embrapa contrapõe a opinião do presidente da Aprosoja, Antonio Galvan, que quer fazer experimentos de soja plantadas em fevereiro. No dia 31 de março a Justiça de Mato Grosso ordenou a destruição desses cultivares fora de hora, mas uma decisão do Tribunal de Justiça neste final de semana suspendeu a situação.

Auster Farias, que também é pesquisador de melhoramento genético da soja explicou que esta não é uma opinião isolada. Diversas entidades, fundamentadas na Ciência, patologia e epidemiologia e resultados de pesquisa, são contrárias ao plantio pelos mesmos motivos.

E que os testes da Aprosoja não teriam nada a acrescentar ao conhecimento científico. “A soja plantada em fevereiro tem, de fato, uma menor incidência da ferrugem asiática na maioria dos anos em função da menor umidade”, comentou.

No entanto, o plantio tardio será prejudicial ao manejo da ferrugem asiática devido a chamada “ponte verde”. Ou seja, quanto mais tempo a soja ficar no solo, mais gerações de fungos existirão e serão mais resistentes aos fungicidas.

A resistência aos defensivos agrícolas é um aspecto da evolução das espécies como os fungos, assim como acontece com muitas bactérias que se tornam resistentes aos principais antibióticos disponíveis no mercado. As superbactérias já são uma das principais ameaças a saúde pública mundial.

Os super fungos serão uma ameaça para as lavouras. Para chegar nessas conclusões, a Embrapa realiza há vários anos ensaios para testar a resistência desses fungicidas.

A Circular técnica 148, de julho de 2019, sob o título Eficiência de fungicidas para o controle da ferrugem-asiática da soja, Phakopsora pachyrhizi, na safra 2018/19: resultados sumarizados dos ensaios cooperativos demonstrou dados preocupantes. A porcentagem de controle dos fungicidas registrados variou de 50% a 79%. “Os mais recentes resultados revelam uma queda substancial na eficiência dos fungicidas no controle da ferrugem, reduzindo as opções ao produtor para o controle dessa doença.”, explicou Auster Farias.

PRAGAS

Identificada no Brasil na safra 2001/2002, a ferrugem asiática é a mais grave doença da soja. Ela causa a desfolha precoce, prejudicando a formação e o desenvolvimento das vagens. Dessa forma, os grãos serão menores e mais leves.

Os prejuízos podem chegar a 100% da produtividade se não for devidamente manejada. Para garantir o bom manejo o custo-ferrugem é de aproximadamente US$ 2 bilhões por safra no Brasil, incluindo os gastos com fungicidas e perdas na produção.

O manejo da ferrugem asiática envolve diferentes estratégias, como a adoção do vazio sanitário de no mínimo 60 dias, cultivares com genes de maior resistência, semeadura no início da época recomendada (a partir de 16 de setembro) com cultivares precoces, monitoramento e utilização dos fungicidas. Essas medidas ajudam o produtor a conviver com a ferrugem e alcançar bons níveis de produtividade, além de prolongar a vida útil dos produtos químicos.

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